Torre de Moncorvo

Já saem duas mil toneladas por dia das minas de ferro e já foram criados 50 empregos

Publicado por Francisco Pinto em Qui, 2021-10-14 11:59

O vai-vém de camiões já se tornou uma constante. O rugido destes monstros de várias toneladas ecoa pelos montes do sul do distrito de Bragança, transportando, cada um, entre 24 e 28 toneladas de minério retirado do coração do Cabeço da Mua.

A Aethel Mining Limited, concessionária das minas de Torre de Moncorvo, deu início à extração de duas mil toneladas diárias de agregado de ferro de alta densidade, certificado, provenientes do depósito da Mua que está a ser transportado por camiões até ao destino final.

“Estamos a vender o material diretamente na mina a uma empresa internacional revendedora que assegura toda a parte logística. Neste momento estamos a extrair cerca de duas mil toneladas de agregado de ferro de alta densidade, certificado, por dia, matéria prima que o nosso cliente vem buscar aqui ao cabeço da Mua”, concretizou o presidente da Aethel Mining Limited, Ricardo Santos Silva, esta semana, ao Mensageiro.

O projeto mineiro instalado no cabeço da Mua, no concelho de Torre de Moncorvo, foi retomado no dia 13 março de 2020, após 38 anos de abandono, estando previsto um investimento de 550 milhões de euros para os próximos 60 anos.

Segundo Ricardo Santos Silva adiantou, estão a ser feitas mais de 50 viagens de camião para o transporte do agregado de alta densidade, que é depositado num espaço apropriado situado na Zona Industrial do Larinho, em Torre de Moncorvo, e que segue depois por via terrestre para vários pontos que ficam ao critério do cliente.

De acordo com o empresário, cada camião poderá transportar entre as 24 e as 28 toneladas de agregado de ferro de alta densidade e uma operação que será efetuada durante um ano.

“Para já, esta fase de negócio vai durar cerca de um ano e, depois, há a previsão de termos outros clientes, numa primeira fase de exploração que terá a duração de cinco anos”, explicou ao Mensageiro.

O empresário garantiu que toda esta operação de extração de minério já criou cerca de meia centena de postos de trabalhos diretos e indiretos o que se está a refletir na economia do concelho de Torre de Moncorvo, visto que há movimento em setores como a hotelaria e restauração, comércio em geral e postos de abastecimento de combustível, entre os outros ramos de atividade.

“É com muita satisfação que conseguimos reativar a extração mineira no concelho de Torre de Moncorvo que esteve tantos anos parada”, vincou Ricardo Santos Silva.

De acordo com o empresário, todos os planos de segurança e impacto ambiental estão a ser cumpridos conforme estipulado nas mais diversas avaliações feitas pelas entidades competentes para este efeito.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, disse que esta reativação mineira significa a concretização de um projeto que já vem de há longos anos e uma batalha que não foi fácil e que de momento dá os primeiros passos em termos da laboração e extração mineira.

“Tudo isto é demonstrado pela quantidade de camiões que circulam nas nossas estradas e nas pessoas que ficam no concelho de Torre de Moncorvo. O número de empregos diretos e indiretos é bom para este território. Espero, agora, que o número de empregos venha a aumentar e que a extração de inertes e de minério seja aumentada”, frisou o autarca.

A Aethel Mining Limited, uma “empresa britânica detida exclusivamente” pelo português Ricardo Santos Silva e a pela norte americana Aba Schubert, “que já havia recebido a aprovação da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em novembro de 2019, para assumir o controlo da mina de Torre de Moncorvo”, tida como um “depósito de minério de ferro muito significativo no coração da Europa”.

Em 2008, MTI - Ferro de Moncorvo formalizou um contrato de prospeção e pesquisa com o Estado que terminou no final de 2016.

O contrato “definitivo” que vai permitir a exploração mineira no concelho de Torre de Moncorvo, foi hoje assinado no Ministério da Economia, no dia 30 de novembro de 2016

A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas, e o ferro esquecido até que a MTI - Minas de Ferro de Torre de Moncorvo, uma empresa de capitais nacionais e estrangeiros, ganhou, em 2008, os direitos de prospeção e pesquisa e, em 2011, foi-lhe atribuída pelo Governo a concessão de exploração durante 60 anos, até 2070.

As minas de ferro de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região na década de 1950, chegando a recrutar 1.500 mineiros.

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