Mirandela

Esgotos a céu aberto na aldeia de Vale da Sancha

Publicado por Fernando Pires em Qua, 05/14/2025 - 14:24

Na aldeia de Vale da Sancha, anexa da freguesia de Frechas, há esgotos a correr a céu aberto, alegadamente, provenientes da fossa de uma habitação daquela aldeia do concelho de Mirandela que não tem ligação à rede de saneamento. A casa fica próximo da escola da aldeia, que agora serve de sede da associação local e da comissão de festas, que, principalmente aos fins- de-semana, junta algumas pessoas que se deparam com os maus cheiros.

A proprietária da casa, Fátima Portela, que adquiriu o imóvel há 17 anos, considera que a responsabilidade desta situação é do Município de Mirandela porque a habitação “já tinha sido construída, antes da instalação do saneamento na aldeia”, ficando de fora da rede pública. “Naquela altura, usava-se a fossa porque não existiam ainda saneamentos. Claro que houve a utilização diária das águas e ao fim de alguns anos, encheu e como não tem escoamento foi saindo para fora. Anos mais tarde, foram feitos os saneamentos na aldeia, mas não foi feita a ligação a esta casa”, conta.

Fátima Portela adianta que já há alguns anos tinha solicitado à autarquia de Mirandela para tentar resolver o caso, mas não obteve resposta. Agora que o assunto voltou a ser alvo de contestação nas redes sociais, a proprietária da habitação voltou à câmara e da parte dos serviços técnicos foram-lhe sugeridas duas possibilidades: “Eu arranjar uma bomba e puxar para o saneamento e a outra solução é encontrar a fossa debaixo da casa, abrir um buraco, e uma vez que estou a pagar saneamentos na fatura e que não tenho, eles fazem o esvaziamento da fossa de graça. Foi as respostas que me deram”.

No entanto, diz não ter condições financeiras para suportar os encargos com os trabalhos sugeridos. “Tenho de furar, abrir a cozinha toda e abrir da porta da minha casa à caixa do saneamento, e isso tem vários custos, porque tinha de arranjar uma máquina para abrir uma valeta, depois fechar, fazer a ligação, comprar a bomba para puxar, isso é um custo muito elevado que não tenho possibilidade de estar a fazer”, sustenta, Fátima alegando que terá de ser o Município a resolver o assunto. “Uma vez que a construção da casa foi aprovada pela Câmara, tinha que resolver o problema do saneamento para aquela casa, ou na estrada principal, ou pela escola para baixo, porque não vou poder atirar a casa abaixo e ir morar para a rua”, acrescenta.

O presidente da Junta de Freguesia de Frechas diz que nada pode fazer. “Esta situação vem sempre ao de cima, em vésperas de autárquicas, depois há uma série de promessas da Câmara que vai resolver e acaba por depois cair em esquecimento”, diz José Carlos Teixeira que entende que esta é uma situação que já devia ter ficado sanada na altura em que foi instalado o saneamento. “É o Município que tem de resolver, porque quando foi feito o saneamento, a casa já existia, está licenciada pela Câmara, acho que foi um lapso do Município não ter feito um ramal de saneamento até essa habitação”, conclui.

Confrontado com o assunto, o presidente do Município, Vítor Correia, remeteu esclarecimentos para os serviços técnicos que confirmam as soluções que foram apresentadas à proprietária da casa. Alegam que a habitação “está numa rua que está abaixo da cota do coletor já existente na rua principal”.

Ainda segundo os serviços técnicos, “está previsto no regulamento uma limpeza gratuita por ano, para as pessoas que pagam taxa de saneamento e que, cumulativamente, não tenham rede de saneamento à porta de casa”, que é a situação em concreto.

No entanto, fica pendente que a proprietária “descubra a fossa para se efetuar a limpeza”, sem adiantar outro tipo de alternativa para resolver o assunto.

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