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Capela de São Roque, Parada de Infanções. Peregrino da Ordem Terceira Franciscana!

Distante 24 km a Sudeste de Bragança e uma das maiores aldeias do concelho, Parada pertence, desde 2013, à União de Freguesias de Parada e Faílde, integrando ainda as aldeias de Carocedo e de Paredes. Localidade castreja, onde existiram, de acordo com o Abade de Baçal, o castro Mau, a confinar com a freguesia de Coelhoso, e o castro de Cidadelhe, também pertencente à freguesia de Pinela. Segundo Francisco Felgueiras Júnior (Monografias Bragançanas), o topónimo deriva de um grupo de fidalgos (infanções) provenientes das Astúrias ali ter repousado durante certo tempo (paragem). Na Idade Média era designada como Sam Gens de Parada ou Parada de Infanções e, posteriormente, também como Parada de Outeiro, para a diferenciar de Parada de Alfândega da Fé. Está documentada como vila nas Inquirições de 1258 (D. Afonso III), referindo que a era foreira do rei e a igreja constava do padroado régio, onde o Mosteiro do Castro de Avelãs possuía casas e herdades. No catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros elencado em 1320-1321 no tempo de D. Dinis, a Paróquia apresentava-se proeminente, sobre quem recaía uma taxa régia de 400 libras. A partir da constituição da Casa de Bragança, em 1442 e, posteriormente, da Diocese de Miranda, em 1545, tinha aquela por sua donatária e no bispado o padroado. Em 1517, o Papa Leão X autoriza D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança, que quinze igrejas dos seus domínios sejam comendas da Ordem de Cristo. No território referente ao bispado de Miranda, Parada é uma das contempladas. Em 1551, D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança, solicita ao Papa Júlio II a divisão de algumas dessas comendas, atendendo ao aumento significativo dos seus rendimentos. A concessão origina a divisão de Parada nas comendas de São Gens de Parada, S. Tiago de Coelhoso, S. Pedro de Sarracenos, S. Lourenço de Paredes e Santa Maria Madalena de Grijó de Parada.
A aldeia tem por templos católicos a Igreja de S. Genésio, as Capelas de Nossa Senhora do Carmo, Divino Senhor ao Pé da Cruz e de S. Roque, e as Capelas particulares de S. Amaro e de Nossa Senhora das Candeias. A Capela de S. Roque situa-se junto à avenida com o seu nome. Sobre o dintel da porta principal, uma placa indica a data, a razão e a invocação da sua edificação: “Sendo oprimidos duma grande peste os moradores de parada fizeram voto a S. Roque no ano MDIX”. Com efeito, entre 1505-1511, o país foi assolado por mortífera peste, sendo S. Sebastião e S. Roque os principais intercessores contra flagelos pandémicos. Em Parada os muitos infetados eram encaminhados para a área da Capela, então fora do povoado, e os mortos sepultados no adro. Ultrapassada a maleita, S. Roque foi esquecido e a Capela desprezada. Até que em 1724 sobreveio uma “pestillenta Dearrhéa Sanguinea”, motivando os habitantes a renovar os votos de devoção a S. Roque e a restaurar a Capela. Os próprios “cães dannados” (contagiados) eram para lá encaminhados e benzidos. Seria constituída uma confraria, que contou com indulgências parciais e plenárias concedidas pelo Papa Bento XIV.
A Capela, de estrutura em granito, paredes rebocadas e pintadas de branco e telhado de quatro águas, tem alpendre frontal assente em três colunas toscanas sobre plintos moldurados. Sobre o telhado, alinhado com a coluna central, consta pequeno campanário de sineira em empena, coroado por catavento e cruz de ferro. Nos vértices do telhado sobressaem duas cruzes da Ordem de Cristo. O interior é espaçoso, com teto em madeira em forma de berço. O Altar-mor, em talha policromada e dourada, é enquadrado por colunas salomónicas decoradas por pâmpanos e fénices e capitel a remeter para o coríntio. As colunas formam arquivolta no ático, coroado por concha. Em nicho, definido por pilastras, arco de volta perfeita e painel costeiro vegetalista, expõe-se a imagem do padroeiro sobre peanha dourada. Apresenta os atributos do bordão e cabaça de peregrino, cruz vermelha gravada no peito, que o tornaram santo do povo, e a perna esquerda desnudada a mostrar a marca da peste que o atingiu, obrigando-o a isolar-se, sendo alimentado a pão por um cão. Ladeiam o altar, imagem da Virgem coroada com o menino, no lado do evangelho, e um sacrário sobre móvel, na epístola. Referência para pinturas de três ex-votos pendurados na parede do presbitério, em agradecimento de crentes por curas feitas sob interceção de São Roque. Dois deles, com datas de 1768 e 1779.
São Roque ilustre infanção de Parada.

Edição
4028

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