A opinião de ...

O caminho do regresso à nova barbárie 3. Um novo contrário para domesticar os neoliberais

A nova barbárie sempre existiu mas, no Século XX, domesticada entre 1935 e 1973, pelos estados sociais, que tiveram de se opor ao socialismo soviético e assim suavizar-se, ela reemergiu num período de expansão desregulada do capitalismo (décadas de 60 e de 70 do Século XX), de afirmação do capitalismo financeiro (décadas de 80 a 2010) e de derrota temporária do contrário do capitalismo, o comunismo, entre 1970 e os nossos dias.
Lendo a história, parece agora necessário um novo contrário dos capitalismos para os obrigar, de novo, a domesticarem-se. Tarefa tanto mais difícil quanto, agora, o capitalismo é global e, reconhecidamente, no campo investigativo, sempre foi reconhecido como o regime económico que melhor se adaptou a qualquer tipo de regime político.
Porém, a domesticação dos estados capitalistas, transformando-os em sociais-democracias, foi possível num universo geoestratégico finito e limitado espacialmente. Hoje, a globalização exige um confronto directo à escala global entre dois modelos de regime, o que exige também duas superpotências aglutinando dois blocos de países que se confrontam. Não é possível a regulação, à escala global, fora deste confronto.
E nem sequer nos é possível visualizar os dois países líderes necessários a cada um dos lados da oposição. Serão EUA e China? Ainda faltará muito tempo para isso mas a China está a usar a estratégia da toupeira que vai minando os alicerces, além de que não tem matérias-primas e energéticas suficientes pelo que tem de competir por elas, tal como os EUA.
Hoje, o mundo democratizado está muito vulnerável dos pontos de vista cultural e social. Assistimos, ao longo do Século XX, a uma destruição dos valores tradicionais e dos laços de solidariedade entre as diferentes civilizações. Ao mesmo tempo, as sociedades constituintes do Estado-Nação do Século XIX, heterogeneizaram-se incorporando comunidades não-cristãs e de diferentes etnias, tornando a sociedade muito menos homogénea dos pontos de vista cultural, religioso e étnico e, por isso, muito mais difícil de gerir.
Ao mesmo tempo, e durante o Século XX, várias escolas intelectuais, entre as quais destaco as de Frankfurt e de Chicago cuidaram de pôr em causa todos os alicerces da civilização ocidental, tornando-se nos maiores aliados do marxismo e do comunismo na destruição fácil dos valores ocidentais.
O mundo ocidental carece assim de ser unido num novo bloco. É, porém, preciso descobrir o contrário que o há-de fazer unir e retornar aos valores das sociais-democracias. Ultimamente, tenho colocado a hipótese de esse novo contra-poder, esse contrário, poder ser o radicalismo islâmico mas, a sê-lo, sê-lo-á apenas num período de transição porque, na base do estado islâmico não está um poder económico próprio mas tão só o aproveitamento do sistema capitalista desregulado. Maomé não valorizou a parábola dos talentos e, assim, não combateu a pobreza económica nos seus povos, os quais, a dominarem os ocidentais, conduzirão estes também à pobreza.

Edição
3490

Assinaturas MDB