A opinião de ...

Agora só falta que o que parece também seja

Quando, há pouco mais de um mês, a 16 de setembro, na Casa de Santa Marta, o Papa Francisco celebrou a missa matutina após a pausa de verão, rezou pelos governantes.
“Refletindo sobre a Primeira Carta de São Paulo apóstolo a Timóteo, o Pontífice observa quanto seja encorajado a “todo o povo de Deus” a rezar, por um “pedido universal”: sejam feitos “sem cólera e sem polêmicas”, evidencia Francisco, “pedidos, súplicas, orações e agradecimentos para todos os homens” e ao mesmo tempo “pelos reis e por todos os que estão no poder” para que tenham “uma vida calma e tranquila, digna e dedicada a Deus””, escrevia o Vatican News.
“Paulo evidencia o ambiente de uma pessoa que crê: é a oração. É a oração de intercessão, aqui: “Que todos rezemos por todos, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, digna e dedicada a Deus”. É necessária a oração a para que isso seja possível. Mas há um detalhe que gostaria de me deter: “Para todos os homens – e depois acrescenta – pelos reis e por todos os que estão no poder”. Portanto trata-se da oração pelos governantes, pelos políticos, pelas pessoas que são responsáveis de levar adiante uma instituição política, um país, uma província”, disse Francisco.
“Esses - afirmou - recebem “adulações por parte de seus favoritos ou insultos”. “Há políticos, mas também padres e bispos”, diz o Papa, que são insultados, recordando o que define um “acúmulo de insultos e de palavrões, de depreciações”. Ainda assim quem está no governo “tem a responsabilidade de conduzir o país”. “E nós deixamo-lo só, sem pedir a Deus que o abençoe? São Paulo é claro ao pedir que se reze por cada um deles para que possam levar adiante uma vida calma, tranquila, digna para o seu povo.”
Ora, pela primeira vez desde o 25 de abril, o distrito de Bragança terá três Secretários de Estado aqui nascidos (Sobrinho Teixeira, Isabel Ferreira e Antero Luís) e dois com fortes ligações à Região (André Aragão Azevedo, filho de uma brigantina e Berta Nunes, casada com um alfandeguense e há muito radicada naquele concelho da Terra Quente, tendo mesmo cumprido quase três mandatos enquanto presidente da Câmara).
Como lembrava o investigador Paulo Reis Mourão esta semana, “Bragança - com cerca de 3% dos eleitores - tem cerca de 10% dos Secretários de Estado”.
Num Governo que dá sinais públicos da querer, de facto, olhar para as assimetrias entre litoral e interior com outros olhos, apesar do aparente atropelo de competências entre várias Secretarias de Estado, Bragança ganhou uma influência ímpar. Agora é preciso dar continuidade na prática, para ser mais do que mera aparência. Todos os nordestinos esperam que a fama traga proveito à região, como já aconteceu com outros governantes. Sem ir muito longe, lembro-me que Jorge Gomes, enquanto esteve no cargo (dois anos), procurou trazer valências para o distrito, tal como Adão Silva uma década antes, ao reformular grande parte dos centros de saúde existentes, inaugurando, ainda, o de Carrazeda de Ansiães. Sabe-se que, num Governo de Centeno, a rédea será curta. Cabe-lhes a tarefa de a tentar esticar, pelo menos para uma região historicamente esquecida pelos que mandam para lá do Marão...

Outra das novidades foi a criação de uma Secretaria de Estado do Cinema, Audiovisual e Media. Há exatamente uma semana, a Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) e a Associação Portuguesa de Imprensa (API), num comunicado conjunto alertavam para a ausêcia de interlocutores no Governo para a Comunicação Social. O aviso não caiu em saco roto e ainda bem.

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