A opinião de ...

Tropeções

A inefável ministra da Saúde andou meses a fio qual galarote atrevido, de crista a crescer, a inflamar os ouvidos dos moradores na cidadela de Bragança.
Ante o aluvião de críticas em virtude do descalabro no controlo da pandemia passou a imitar as frangas menos ruidosas e a querer conquistar aplausos fora do circuito partidário permitiu-se alegar possíveis tropeções no processo em curso, para lá de já aceitar sem rebuço despeitado o auxílio do Luxemburgo e da França.
Só que os aludidos tropeções, em última instância saldaram-se em mortes, sofrimento dos doentes e luto. Luto a durar lágrimas e suspiros enquanto os familiares chegados viverem, sem esquecer o resto da parentela, amigos e admiradores, no meu caso de Maria de Sousa que não me canso de referir, de citar.
Os tropeções a seu tempo têm de ser convenientemente averiguados, pedir contas a quem de direito dada a inépcia e incompetência gerada e expressa em artigos científicos, análises isentas, comentários sem colorações partidárias e florões de basbaques desprovidos de orgulhosa cerviz independente de trocas e baldrocas.
As trombetas noticiosas sopram intenções de o ministro da Saúde brasileiro ser processado pela falência do oxigénio nos hospitais de Manais, pois bem, nós por cá todos mal, daí aceitar de bom grado que a senhora Marta Temido fosse objecto do mesmo tratamento porque a inépcia governamental provocou mortes, Mortes, e pensem no terrível significado do vocábulo: Mortes. O próprio Primeiro-Ministro já assumiu responsabilidades no recrudescimento da pandemia.
No nosso Portugal na esmagadora maioria dos casos asneirentos, para não escrever pimenta queimona na língua, a culpa morre solteira, seja em recuos desculpabilizantes envergonhado estilo Sr. Magina desbarretado e a imitar Egas Moniz disse na TSF ter feito um discurso bondoso, porém não respondia à pergunta do jornalista porque já tinha discursado bondosamente (pata na poça) e, tal como os meninos obedientes não voltava a enlamear a bota, ou a saída (mal explicada) pela porta baixa do Sr. Ramos da coordenação da taske-force vacinatória dos portugueses.
Atrevo-me a classificar de sinistro o desempenho da ministra, falta-me o engenho e destreza poética de David Mourão-Ferreira e de Vasco Graça Moura para em verso lastimar esta senhora que ficará nos anais da verborreia, da petulância e vesguismo ideológico. Os seus tropeções assemelham-se aos saltos gigantescos dos esquiadores nas pistas de neve, a diferença reside no facto de quando eles calculam mal o salto são excluídos da prova.
Ao que parece (manda a prudência não embandeirar em arco) António Costa está a emendar a mão, convém que emende bem e, não se esqueça de que finda a presidência portuguesa, agarre na vassoura (emblema do presidente Jânio Quadros) e varra a bom varrer o elenco governamental. A nós resta-nos esperar pacientemente pelas inoculações, usar a máscara, lavar as mãos com sabão macaco e pedir ao nosso anjo da guarda que nos proteja.

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3820

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