Peregrinos estrangeiros agradeceram acolhimento na diocese antes de rumarem à Jornada Mundial da Juventude para verem o Papa

“Surpresa” e “gratidão” foram das palavras mais ouvidas aos cerca de 700 peregrinos que estiveram em Bragança-Miranda na Semana das Dioceses, que decorreu por todo o país nos dias que antecederam o início oficial da Jornada Mundial da Juventude.

A forma como foram recebidos pelo Comité Organizador Diocesano (COD) tocou fundo no coração dos peregrinos que vieram à descoberta do Nordeste Transmontano, onde participam em missões em aldeias e em Instituições Particulares de Solidariedade Social.

“A mim causou-me muito impacto a paixão com que se vive em Bragança. Tem uma cultura espetacular, as pessoas são muito hospitaleiras, muito crentes nas suas raízes, e vejo muito amor e entrega aos demais. Respeitam muito a família e o trabalho.

Como missionário, encantou-me ir a aldeias e a zonas mais necessitadas. É algo diferente. Como missionário temos de procurar as pessoas mas, aqui, procuraram-nos a nós”, contava ao Mensageiro Ignaxio Guevara, de 23 anos, ele que veio da Venezuela.

Desde o concerto de acolhimento, que decorreu em Bragança, na Praça Camões, até à missa de envio, na catedral, em Bragança, sentiu-se a alegria da partilha dos vários grupos de peregrinos estrangeiros que estiveram na diocese, desde Bragança, Vimioso, Macedo de Cavaleiros, Mirandela ou Vila Flor.

“Balanço muito positivo. Acolheram-nos de forma fenomenal, um acolhimento cristão e muito fraterno. Ofereceram-nos tudo o que tinham. Foram uns dias de preparação muito bonitos, de oração, de fraternidade, de partilha”, comentava a Irmã Cláudia, de Espanha.

“Estive em vários encontros, em lugares distintos da diocese, em momentos de oração, em momentos culturais, em momentos de convívio mais espontâneo, e aquilo que fica é a experiência de nos sentirmos um mundo que é uma só humanidade, fazer uma experiência de fazer aquilo que o Papa sonha para a jornada mundial, de nos sentirmos filhos amados de Deus e de nos sentirmos verdadeiramente irmãos. A vinda destes jovens à nossa diocese faz-nos experimentar isso mesmo, estes laços que nos unem não só a partir de laços de amizade simplesmente humanos mas laços que vieram da mesma fé. E os jovens que vieram deram-nos um testemunho de fé, até pela maneira em que passavam da música mais forte a momentos de silêncio na mesma celebração. Isso revela a maturidade que estes jovens trazem e o testemunho que nos deixam para caminharem juntos”, frisou o bispo D. Nuno Almeida.

Vila Flor acolhe Dia Diocesano da Juventude

Durante a missa de envio dos peregrinos, no domingo, ficou a saber-se que Vila Flor vai acolher o Dia Diocesano da Juventude 2023, em novembro. O anúncio, feito por D. Nuno Almeida, foi uma surpresa para os jovens vilaflorenses. Apenas o autarca, Pedro Lima, estava informado. “É quase que uma recompensa porque todos em Vila Flor se coordenaram para receber os peregrinos de forma magnífica para a JMJ. É um reconhecimento desse esforço. É com gratidão que o recebemos, com sentido de responsabilidade e de missão, para trazer a Vila Flor o maior número de peregrinos possível. Que seja uma jornada marcante para a nossa diocese”, disse o presidente da Câmara.

Já da parte da organização diocesana da JMJ, o balanço da Semana das Dioceses não podia ser mais positivo.

“Gratidão. Muito entusiasmo, muito agradecimento aqueles que vivem o espírito da jornada e nos apoiaram e fazem connosco a jornada e rezam.

Os momentos em massa são os que nos tocam de uma forma especial. O concerto, a missa de envio. Mas cada pessoa foi tocada ao seu jeito”, comentava a Ir. Conceição Borges, responsável pela JMJ na diocese de Bragança-Miranda.

Bragança-Miranda tem cerca de 400 jovens inscritos através do COD mas muitos mais se deverão juntar ao Papa Francisco nos próximos dias.

Papa já em Portugal

Os dias em que se espera mais gente na JMJ são a partir de sexta-feira.

O Papa Francisco já chegou na quarta-feira ao nosso país, acompanhado pelo Pe. José Luís Amaro Pombal, da diocese de Bragança-Miranda atualmente ao serviço da Cúria Romana na Secção para os Assuntos Gerais.

 À saída do avião, na chegada a Portugal, o Papa Francisco saudou duas crianças, uma delas com raízes na diocese, em Torre de Moncorvo (Felgar).
No seu primeiro discurso em solo português, o Papa Francisco alertou novamente para os cuidados que a Humanidade deve ter com o meio ambiente.
“Os oceanos aquecem e, das suas profundezas, sobe à superfície a torpeza com que poluímos a nossa casa comum. Estamos a transformar as grandes reservas de vida em lixeiras de plástico”, disse, no primeiro discurso da sua viagem de cinco dias, perante responsáveis políticos, representantes da sociedade civil e membros do corpo diplomático.

Falando no Centro Cultural de Belém, Francisco começou por elogiar os esforços “exemplares” que Portugal partilha com a Europa, na defesa do ambiente, mas sustentou que “o problema global continua extremamente grave”.

“Como podemos dizer que acreditamos nos jovens, se não lhes dermos um espaço sadio para construir o seu futuro?”, questionou, evocando um dos temas que marca a Jornada Mundial da Juventude 2023, que se iniciou na terça-feira.
O Papa apontou ao futuro como um “estaleiro de obras” em que os jovens devem ser protagonistas, lamentando os problemas que afetam as novas gerações, como “a falta de trabalho, os ritmos frenéticos em que se veem imersos, o aumento do custo de vida, a dificuldade de encontrar uma casa e, ainda mais preocupante, o medo de constituir família e trazer filhos ao mundo”.