Direção Geral de Veterinária admite quase 200 bovinos infetados mas em Miranda garantem que são “muitos mais”
A Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) registou, até ao início desta semana, no Nordeste Transmontano, a existência de 42 explorações afetadas pela Doença Hemorrágica Epizoótica (DHE), nas quais se contabiliza a presença de 1768 bovinos. Destes, 193 apresentaram sinais clínicos e 11 morreram vitimados por esta doença que surge pela picada de um mosquito.
Já no dia 23 de outubro a DGAV tinha reportado ao Mensageiro que o principal foco, na região Norte, da DHE, verifica-se em Trás-os-Montes, onde tinham sido identificados 33 casos de infeção, com incidência nos concelhos Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Bragança.
Esta situação deixou os produtores pecuários apreensivos devidos não só à perda de animais, mas também aos gastos no tratamento dos mesmos que pode durar mais de duas semanas.
Câmara de Miranda do Douro alerta para números superiores
Já anteriormente, o vice-presidente da Câmara de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, mostrara a sua discordância da estimativa do número de casos na região transmontana avançados pela DGAV, afirmando que são “bem mais”.
Na altura, a DGAV confirmara 33 casos na região de Trás-os-Montes.
“Não posso acreditar nos dados avançados pela Direção-Geral de Veterinária porque não correspondem à realidade vivida nas explorações do meu concelho”, afirmou Nuno Rodrigues.
O autarca disse ainda acreditar que atualmente os números de animais de raça bovina mortos com DHE são “bem mais”, só no concelho de Miranda do Douro.
Depois da última atualização a que o jornal Mensageiro de Bragança teve acesso, há uma aumento exponencial do número de casos, com indicações clínicas da DHE que se caracterizam por febre e falta de apetite, estomatite ulcerativa – lesões na mucosa da boca, produção excessiva de saliva e dificuldade em engolir, coxeira devido à inflamação das coroas dos cascos e úbere avermelhado.
A DGAV indica que a DHE é uma doença viral que afeta os ruminantes, em especial os bovinos de leite e de carne e os cervídeos selvagens, com transmissão através de mosquitos.
O mesmo organismo explicou ainda que durante os meses de verão, e face às alterações climáticas e permanência do mosquito na Península Ibérica, o número de casos tem aumentado substancialmente, mas os animais recuperam da doença cerca de duas semanas após o início da sintomatologia.
“Apesar de existir uma taxa de morbilidade das explorações afetadas inferior a 10%, a taxa de mortalidade verificada é inferior a 1 por cento”, indica o mesmo esclarecimento.
De acordo com esta Direção Geral, os dados nacionais “são dinâmicos, uma vez que sendo uma doença transmitida por vetores (insetos do género Culicoides) vão sendo notificados focos à DGAV diariamente, registam-se ao dia de hoje 188 explorações notificadas com animais com sinais clínicos, a nível nacional (só notificada no território continental)”, especificava a mesma entidade.
“A cada novo concelho onde surge a doença promove-se a recolha de amostras para confirmação laboratorial”, indicou a DGAV.
A Direção Geral de Agricultura e Veterinária acrescenta ainda que tem vindo a tomar um conjunto de medidas desde o aparecimento de um foco de doença em Espanha (Badajoz) no final de novembro do ano passado.
“Neste momento, todo o território continental está afetado pelas restrições associadas a esta doença”, vinca.
Sempre que se confirma um foco de doença, é definido pela DGAV um raio de 150 quilómetros em volta deste e foram criadas regras aplicáveis à circulação animal e à desinsetização dos animais e dos veículos. “Têm sido atualizados os editais à medida que são alteradas as áreas, e efetuadas reuniões com os médicos veterinários e associações do setor, de forma a expor e atualizar as medidas a tomar”, esclarece.
Em julho deste ano foram confirmados os primeiros dois focos em Portugal no Alentejo.
A DGAV apenas declara as notificações que chegam de forma oficial, estando os produtores e médicos veterinários legalmente obrigados a declarar a suspeita desta doença.
Nesta doença, os focos correspondem a explorações onde um médico veterinário reconheceu clinicamente esta doença, tendo já sido confirmado laboratorialmente pelo menos um caso no mesmo concelho.
A DGAV indica ainda que esta doença não é transmissível a seres humanos.