Nordeste Transmontano

Direção Geral de Veterinária admite quase 200 bovinos infetados mas em Miranda garantem que são “muitos mais”

Publicado por Francisco Pinto em Qua, 2023-11-08 09:19

A Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) registou, até ao início desta semana, no Nordeste Transmontano, a existência de 42 explorações afetadas pela Doença Hemorrágica Epizoótica (DHE), nas quais se contabiliza a presença de 1768 bovinos. Destes, 193 apresentaram sinais clínicos e 11 morreram vitimados por esta doença que surge pela picada de um mosquito.

Já no dia 23 de outubro a DGAV tinha reportado ao Mensageiro que o principal foco, na região Norte, da DHE, verifica-se em Trás-os-Montes, onde tinham sido identificados 33 casos de infeção, com incidência nos concelhos Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Bragança.

Esta situação deixou os produtores pecuários apreensivos devidos não só à perda de animais, mas também aos gastos no tratamento dos mesmos que pode durar mais de duas semanas.

Câmara de Miranda do Douro alerta para números superiores

Já anteriormente, o vice-presidente da Câmara de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, mostrara a sua discordância da estimativa do número de casos na região transmontana avançados pela DGAV, afirmando que são “bem mais”.

Na altura, a DGAV confirmara 33 casos na região de Trás-os-Montes.

“Não posso acreditar nos dados avançados pela Direção-Geral de Veterinária porque não correspondem à realidade vivida nas explorações do meu concelho”, afirmou Nuno Rodrigues.

O autarca disse ainda acreditar que atualmente os números de animais de raça bovina mortos com DHE são “bem mais”, só no concelho de Miranda do Douro.
 Depois da última atualização a que o jornal Mensageiro de Bragança teve acesso, há uma aumento exponencial do número de casos, com indicações clínicas da DHE que se caracterizam por febre e falta de apetite, estomatite ulcerativa – lesões na mucosa da boca, produção excessiva de saliva e dificuldade em engolir, coxeira devido à inflamação das coroas dos cascos e úbere avermelhado.

A DGAV indica que a DHE é uma doença viral que afeta os ruminantes, em especial os bovinos de leite e de carne e os cervídeos selvagens, com transmissão através de mosquitos.

O mesmo organismo explicou ainda que durante os meses de verão, e face às alterações climáticas e permanência do mosquito na Península Ibérica, o número de casos tem aumentado substancialmente, mas os animais recuperam da doença cerca de duas semanas após o início da sintomatologia.

“Apesar de existir uma taxa de morbilidade das explorações afetadas inferior a 10%, a taxa de mortalidade verificada é inferior a 1 por cento”, indica o mesmo esclarecimento.
De acordo com esta Direção Geral, os dados nacionais “são dinâmicos, uma vez que sendo uma doença transmitida por vetores (insetos do género Culicoides) vão sendo notificados focos à DGAV diariamente, registam-se ao dia de hoje 188 explorações notificadas com animais com sinais clínicos, a nível nacional (só notificada no território continental)”, especificava a mesma entidade.

“A cada novo concelho onde surge a doença promove-se a recolha de amostras para confirmação laboratorial”, indicou a DGAV.

A Direção Geral de Agricultura e Veterinária acrescenta ainda que tem vindo a tomar um conjunto de medidas desde o aparecimento de um foco de doença em Espanha (Badajoz) no final de novembro do ano passado.

“Neste momento, todo o território continental está afetado pelas restrições associadas a esta doença”, vinca.

Sempre que se confirma um foco de doença, é definido pela DGAV um raio de 150 quilómetros em volta deste e foram criadas regras aplicáveis à circulação animal e à desinsetização dos animais e dos veículos. “Têm sido atualizados os editais à medida que são alteradas as áreas, e efetuadas reuniões com os médicos veterinários e associações do setor, de forma a expor e atualizar as medidas a tomar”, esclarece.

Em julho deste ano foram confirmados os primeiros dois focos em Portugal no Alentejo.

A DGAV apenas declara as notificações que chegam de forma oficial, estando os produtores e médicos veterinários legalmente obrigados a declarar a suspeita desta doença.
Nesta doença, os focos correspondem a explorações onde um médico veterinário reconheceu clinicamente esta doença, tendo já sido confirmado laboratorialmente pelo menos um caso no mesmo concelho.

A DGAV indica ainda que esta doença não é transmissível a seres humanos.
 

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