Nordeste Transmontano

Covid-19: Presidente do IPB pede colaboração dos estudantes e admite suspender apoios aos infratores

Publicado por António G. Rodrigues em Ter, 2020-07-14 23:16

O presidente do Instituto Politécnico de Bragança, Orlando Rodrigues, apelou hoje à comunidade estudantil de Bragança que coopere com as autoridades no combate aos surtos de covid-19, admitindo que estão a ser ponderadas sanções para os alunos que quebrem as regras e sejam identificados.

Numa sessão online de esclarecimento, promovida em conjunto pelo IPB, Associação de Estudantes Africanos de Bragança e com a colaboração das autoridades de saúde do distrito, realizada esta terça-feira à noite, Orlando Rodrigues frisou que “não há festas sem covid”.

“Isso tem surgido em eventos sociais, realizados de forma não autorizada. Todos sabemos que tem havido festas, ajuntamentos, onde as pessoas se juntam mais do que as que são permitidas e se junta de forma tal, sem meios de proteção. É sempre nessas circunstâncias que surgem os contágios. Sempre que há esses ajuntamentos, há contágios”, frisou o presidente do IPB.

Orlando Rodrigues explicou ainda que “outros [casos] também têm surgido porque uma pequena minoria não tem respeitado normas de segurança”. “Sempre que há casos positivos as autoridades de saúde fazem rastreio. Colocam pessoas próximas em isolamento. Sabemos que em casos excecionais, algumas pessoas não respeitaram essas normas.
As consequências disso são muito graves e há contágios”, disse.

O mesmo responsável alertou ainda para o facto de muitos estudantes estarem a “perder oportunidades de emprego sazonais” devido às “notícias de contaminações”. “Há prejuízos muito sérios destas atitudes”, sublinhou.

Orlando Rodrigues afirmou que, “infelizmente, nestas circunstâncias, o impacto negativo de uma minoria pode ser muito grande na comunidade”. “Estamos vigilantes, a fazer o acompanhamento das situações. Estamos a proporcionar alguns apoios, seja no âmbito do banco alimentar, seja neste programa do verão com ciência”, acrescentou.

Orlando Rodrigues admitiu, ainda, que pode haver sanções para quem for apanhado a furar as regras para conter a pandemia. “Estamos a pensar seriamente em cortar todos os apoios sociais em todas as situações de infração. Exatamente para impedir que um pequeno número prejudique a maioria dos nossos alunos. Por outro lado, existe a possibilidade de instauração de processos contraordenacionais [pelas autoridades]. Depois de as situações acontecerem já é tarde e não há volta a dar”, destacou o presidente do IPB.

Orlando Rodrigues deixou ainda um apelo, em nome da PSP, aos estudantes: “Devem ter confiança nas autoridades de segurança. Prestar declarações que não sejam verdadeiras é pior”, frisou.

Já a Delegada distrital de Saúde, Dra. Inácia Rosa, sublinhou esse mesmo ponto. “É muito importante a questão da confiança. Estes surtos não dignificam o IPB. Este vírus virou-se para os jovens e não é tão inofensivo quanto isso. Há jovens que estão a morrer, com 30 anos. É importante a confiança e não ocultar dados. O isolamento profilático é para ser cumprido”, garantiu.

Na mesma sessão, a delegada de saúde garantiu aos alunos que não será feito um rastreio à comunidade africana mas que se fazem testes “aos contactos diretos das pessoas infetadas”.

Quanto a IPB, “temos dois surtos”, admitiu. “O primeiro está praticamente controlado. O segundo tem pessoas muito ‘saltitonas’. Pessoas que mudam muito de terra”, disse.

Por sua vez, o presidente da AEAB, Walderley Antunes, sublinhou que se “trata de uma minoria, que está a por em causa todo o trabalho que está a ser feito”. “Isto não nos deixa bem, nem perante a comunidade brigantina. É uma cidade que nos acolheu muito bem. Só temos de agradecer pela oportunidade de poder estar cá mas também fazer algo para poder ter uma imagem limpa e que outros também possam vir. Temos de ter comportamento mais assertivo para evitar situações mais desagradáveis. Com este tipo de comportamentos não vai ser fácil sair desta situação. Também temos avós, tios, em África. Temos de nos colocar no lugar o outro. As pessoas não acreditam mas isto mata”, frisou.

Recorde-se que, neste momento, dos 93 casos com doença ativa no distrito de Bragança, cerca de um terço diz respeito a estudantes do ensino superior, nos concelhos de Bragança, Vimioso, Macedo de Cavaleiros e Mirandela.

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