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A Confraria dos Chãos e a assistência aos feirantes [2]

Os Chãos pela sua localização estratégica teve uma importante feira, grande promotora do desenvolvimento local. As feiras mensais, na sua grande maioria, eram instituídas pelo poder central e, restringiam-se quase sempre às sedes de concelho. As anuais coincidiam, em geral, com as grandes festividades litúrgicas. A feira dos Chãos não sendo medieval e, apesar do declínio que algumas sofreram, atravessou o século XVII. O primitivo santuário aparece como resposta à assistência dos feirantes, mercadores e almocreves, que se dirigiam de Bragança para Mogadouro, Mirandela e, Moncorvo. Algumas pontes [Izeda, Mogadouro, Moncorvo] confirmam o fluxo intenso de comerciantes durante o século XVI, XVII e XVIII.
De 26 povoações onde se fazia feira no século XVIII, subiu a 53. As grandes transações de gado bovino faziam-se nas feiras de inverno e primavera em Bragança, Chãos, Chacim, Torre de D.ª Chama e, Montalegre.
O plano de intervenção e qualificação urbanística dos Chãos, de 2005, do Arq. Rui A. Dias Martins Gonçalves, entre outras começou por “retirar as más construções que, do lado da estrada, adoçadas ao sagrado, escondiam o templo”. Posteriormente o Eng. Miguel Luís Doutel Barracho, SOCENG – Sociedade de Engenharias Lda, ao projetar os trabalhos da sede da Confraria, que até ali estava também ela entalada numa dessas estruturas, acabará por decidir “desimpedir o muro posterior do adro, dos módulos de edifícios avulsos a ele agregados”. Nestas instalações estava também implantada a “taberna da Panda”, conhecida assim pelos frequentadores habituais da feira de gado de meados do século XX. Este abarracamento, junto com o “cabanal”, do muro do adro, eram vestígios das instalações que sem qualquer ordenamento foram crescendo como apoio à feira e romaria.

A feira dos Chãos realizava-se nos dias 7 e, 20 de cada mês. Pelos anos noventa, do século passado, a Assembleia Municipal tentou reanimá-la transferindo-a para o primeiro domingo de cada mês, mas faltou afluência e, perdeu a importância. A 9 de maio de 2006, pela festa da Invenção da Santa Cruz, tentou reanimar-se o primeiro domingo de cada mês, mas já sem grande sucesso para este evento comercial. A feira era famosa pelos milhares de cabeças de gado que enchiam o toural. A falta de condições para fazer a transação dos animais perdeu a feira, ficou a luta de touros e, continua a preservar a sua identidade e especificidade, com mais visibilidade, não sobrepondo o cultural, ao cultual .

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