A opinião de ...

Jogada de génio, ou não!

Era óbvio! Ou pelo menos parecia certa, sem entrar em teorias da conspiração e de maledicência, que aquela demissão do nosso ex-Primeiro-Ministro, António Costa, era a oportunidade dourada surgida e sugerida pelo parágrafo da Procuradora-Geral da República para se demitir.
Uma demissão sem procedimentos legais sustentados e fundamentação política razoável, diga-se (colocada assim a questão nem sei se não foi uma espécie de favor, sem querer...), mas que, dada a sensação de como estava a acontecer a implosão do seu Governo e dos casos e casinhos em investigação, como o de Lacerda Machado no Data Center ou o do seu Chefe de Gabinete, Vítor Escária, etc., foi aproveitada para salvar a face e dar continuidade a um projeto político pessoal.
Foi assim uma jogada de grande oportunismo político, em duas vertentes: primeira, em sequência, para garantir a continuidade do Governo agora com outro protagonista, daí apresentando o nome de Mário Centeno ao Presidente da República pensando que este aceitaria (dada a maioria na Assembleia da República) e que procederia à nomeação do atual Governador do Banco de Portugal como Primeiro-Ministro.
A segunda vertente, para reunir condições de disponibilidade para o cargo de Presidente do Conselho Europeu conseguindo ficar, além do mais, com uma imagem de vítima do Ministério Público.
Se, no fim de tudo, o Presidente da República não só não aceitou a proposta como convocou eleições e o Partido Socialista foi empurrado para a oposição, ao dia de hoje se evidencia a certeza do caminho seguido por e para António Costa, pois é dado como certo que vai ser o candidato consensualizado, apresentado pelos Socialistas Europeus, para a Presidência do Conselho Europeu!
Para mal do Partido Socialista pela perda do Governo, mas para bem do País, Luís Montenegro tem-se revelado uma surpresa agradável nestes cerca de 3 meses como Primeiro-Ministro, sob o aplauso e concordância da maioria dos portugueses, com um espírito reformista e sentido de Estado assinalável e também porque António Costa poderá ser um bom Presidente do Conselho Europeu.
Mais a mais, face ao nome de Pedro Sanchéz de que se falava, incomparavelmente a competência do nosso ex-Primeiro-Ministro se afigura muito superior.
É mais um português a assumir as mais elevadas responsabilidades nas instâncias europeias, por um mandato de dois anos e meio, renovável por uma vez, que ajudará a União Europeia e, por essa via, Portugal, contribuindo com a visão de um Pais cosmopolita, de matriz geográfica, cultural e política europeísta, mas periférico aos corredores dos grandes poderes, na identificação de questões concretas que preocupam e na definição de medidas específicas ou objetivos a atingir a UE.

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