A opinião de ...

25/04 ou 25/11, o seu a seu dono

Não é inocentemente que, perante o radicalismo paranoico que, passado meio século, ainda não quis ou não foi capaz de compreender e aceitar toda a importância que tiveram, tanto o 25 de abril de 1974, como o 25 de novembro de 1975, ambos vitais, ainda que em contextos diferentes, o primeiro para o derrube do regime totalitário e fascista e o segundo para travar a perigosa e perigosa deriva totalitária, ainda que de sinal contrário, capaz de por em sério risco o sucesso futuro da ação dos capitães de abril.
Para quem o quiser entender, para os menos informados da realidade vivida pelo país nos tempos a s seguir ao 25 de abril, inicio o meu comentário desta semana sobre as comemorações do cinquentenário do dia 25 de novembro de 1975, com uma homenagem à ação determinante do regimento de comandos sedeado na Amadora, superior e corajosamente comandados pelo tenente coronel Jaime Neves, um transmontano de antes quebrar que torcer, repetindo o grito, lançado esta manhã pela briosa formação de comandos integrada no desfile das forças armadas, realizado hoje, na cidade de Lisboa, “Ó PÁTRIA MÃE, POR TI DOU A VIDA”, felicitando, ao mesmo tempo, esta “DITOSA PÁTRIA QUE TAIS FILHOS TEM”.
Mas, porque nem tudo foram rosas neste dia memorável, não é possível deixar passar em claro que, os mesmos iluminados de sempre, cuja única coisa que fazem é, à sombra da constituição e, em defesa da “sua” democracia, interpretada ao nível da mentalidade de pigmeus, como sempre, tenham aproveitado mais esta oportunidade, que a comunicação social lhes ofereceu em bandeja de prata para, como se fossem os únicos donos e senhores da razão, da verdade e do saber, continuarem aproveitar estes momentos solenes da nossa história, para defenderem todas as fantasias e idiotices que lhes que lhes apetece, não terem o mínimo respeito pelos cargos e pelas funções que lhes garantem a sua subsistência, a segurança de emprego e oportunidade de passear e pavonear-se nos corredores alcatifados do poder, tudo à sombra da mesa do Orçamento, sem terem um pingo de pudor e de vergonha das bacoradas que deitam da boca para fora, nem um mínimo de inteligência para reconhecerem as suas limitações e o ridículo das suas vaidades.
Condicionado pelas compreensíveis limitações de espaço, para terminar, confesso que gostava de, através do olhar, conseguir ler o desencanto e a mágoa que ia na alma do general Ramalho Eanes, meu amigo, camarada e vizinho de quarto nos meus tempos de oficial miliciano no quartel de Chaves, nos já longínquos anos sessenta do século passado, o qual nunca sonharia que seriam em vão toda a coragem, dedicação, esforço, empenhamento e risco com que deu o corpo às balas para defender a liberdade e a democracia, e muito menos que, passados cinquenta anos, a vitória da justiça e da razão viessem ser comemoradas num espetáculo vergonhoso como o que foi realizado este ano na Assembleia da República.

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