A opinião de ...

Sem embandeirar em arco

Os números conhecidos dos primeiros meses do ano relativos ao turismo na região permitem ter várias perspetivas.
Por um lado, refletem um aumento de procura, na generalidade dos casos, face aos anos anteriores, marcados por medos e confinamentos.
Se as unidades de turismo rural beneficiaram com esse sentimento durante a pandemia, pois as famílias optaram por procurar locais com menor densidade, o regresso à normalidade trouxe a migração desses turistas para os mercados tradicionais (praia) e para as unidades de maior capacidade.
No entanto, sobretudo o mês de agosto, permitiu algum desafogo para os operadores locais, verificando-se, nalguns casos, mudanças de comportamentos.
Muitos dos nossos emigrantes optam, agora, por unidades turísticas quando regressam à terra, do que as habituais estadas nas casas de família.
No entanto, o boom que se viu no mês de agosto rapidamente foi substituído pela normalidade de setembro.
À exceção de datas com eventos ou fins de semana prolongados por feriados, o marasmo apodera-se das unidades da região.
Com o inverno à porta, os empresários já começam a fazercontas ao escalar dos custos com o aquecimento numa das regiões mais frias do país.
A somar a isso, o aumento dos custos de outras matérias primas (alimentares ou produros de limpeza, por exemplo), deixam antever receios quanto ao que será a faturação em 2023.
A GuestCentric Systems, empresa de soluções de e-commerce hoteleiro, que trabalha com hotéis de referência em mais de 50 países, elaborou uma previsão de negócio que aponta para três cenários possíveis em 2023.
• Inverno igual a 2019: Os atuais dados de mercado apontam fortemente neste sentido.
• Procura elevada para o Inverno, com preços mais baixos: Assistimos a uma especulação generalizada neste sentido, com base na taxa de inflação e, consequentemente, prevendo um menor volume de viagens.
• Disrupção no mercado, resultando numa forte quebra na procura: Este é o pior cenário, resultando de uma forte disrupção, tal como um confinamento devido a Covid19 ou semelhante. No entanto, este é, atualmente, o cenário mais improvável.

Segundo a empresa, o cenário mais provável é o segundo. “Antes da pandemia, os consumidores de muitos mercados emissores marcavam 2 a 3 viagens por ano. Com o aumento dos custos e da inflação - e a perspetiva de uma recessão - será que esta tendência continuará?
Segundo Gavin Eccles, não é provável que os preços se mantenham tão elevados quanto até agora, e as companhias aéreas poderão ter que repensar a sua política de preços para conseguir reter os clientes e a procura”.
Na nossa região, há alguns problemas que se apontam. Desde logo, o pouco aproveitamento de uma marca como Montesinho, sem pontos de referência e de atividades muito limitadas para os visitantes.
A falta de atrações para as famílias (para além de museus e paisagens) e de atividades de lazer que ajudem a ocupar o tempo dos visitantes e o “obriguem” a permanecer na região são outros aspetos a ter em conta. Porque boa comida e bem receber todos sabem que não faltam.

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