FUTEBOL DISTRITAL

“Ser capitão pelo clube da nossa terra é algo especial”

Publicado por Guilherme Moutinho em Qui, 2021-04-01 17:11

Valentim Sena, aos 30 anos, é uma referência do Campeonato Distrital AF Bragança. Em entrevista ao Mensageiro de Bragança, o capitão do Minas de Argozelo fala do seu orgulho em representar o clube das suas origens, de sucessos, responsabilidade e amor ao futebol.

 

MdB - Qual o balanço que fazes ao teu percurso no mundo do Futebol?

VS - De uma maneira geral, penso que foi e está a ser um percurso bastante positivo. Iniciei a minha formação no Mãe D´Água, com 15 anos, nos iniciados. Tive a sorte de lidar sempre com diretores e treinadores que sempre me ajudaram e apoiaram. Durante a semana estudava e morava em Bragança, numa residência para estudantes, e ao fim de semana estava em Argozelo. Nunca deixaram de apoiar nas minhas deslocações para os jogos, os meus pais não têm carta de condução, e eram eles que me iam buscar. Tenho muito que agradecer a essas pessoas. Ainda júnior, tive a oportunidade participar na antiga 3ª divisão com o Mãe D´Água. Depois, fui para o Bragança, com idade de júnior, onde realizei uma Nacional e, ao mesmo tempo, integrava o plantel sénior. Um clube onde estive vários anos como sénior e onde aprendi muito, tanto a nível de futebol, como de desenvolvimento humano. Lidei com plantéis espetaculares, com quem ainda mantenho grandes amizades. É o que nos podemos orgulhar e de positivo que o Futebol nos dá. Passámos momentos muito bons e de sucesso. Fomos campeões da 3.ª Divisão, na Série A, e penso que esse foi o meu momento mais alto no Bragança. Depois, por motivos profissionais e indisponibilidade de cumprir com os horários de treino, tomei a decisão, que ao não conseguir manter o compromisso exigido de uma equipa do Nacional, não fazia sentido continuar. Mas, nunca o Bragança me fechou a porta e se eu quisesse continuar ou regressar, teria essa oportunidade.

Depois, todo o meu percurso passou e passa pela distrital, Argozelo, Vimioso e Mirandês, clubes onde não tenho nada a apontar a ninguém e só guardo boas memórias, esperando vir a guardar mais. Em todos estes clubes, posso dizer que eram projetos bastante ambiciosos e os objetivos foram quase sempre cumpridos. Nestes clubes tive oportunidade de festejar a vitória do Campeonato Distrital. No Argozelo, consegui esse feito mais que uma vez. 

 

MdB - Em que posição preferes dar o teu contributo? Defesa ou médio?

 VS - A minha posição de eleição sempre foi médio-defensivo. Mas, defesa central é onde ultimamente tenho jogado mais. Não é uma posição nova para mim, o meu percurso foi sempre nestas duas posições desde a formação. Portanto, tenho á vontade para dizer que me sinto confortável em jogar em qualquer posição. Agora se desempenho melhor ou pior, uma delas, os treinadores é que podem julgar. Vê lá, que até já as luvas de guarda redes tive que calçar (Na temporada 2019/2020, frente ao Carção).

  

MdB - Qual o melhor e o pior momento da tua carreira?

 VS - Pior é fácil de decidir, foi na época 2008/2009, estava no GDB, tive uma rotura parcial do tendão rotuliano esquerdo. Tive que ser operado, com um longo período de recuperação, quase um ano. Para qualquer atleta, seja qual for a modalidade, a pior coisa que lhe pode acontecer é não conseguir fazer o que mais gosta, principalmente, devido a lesão. 

Melhor momento, não consigo definir um. Felizmente, tive bons momentos em todos os clubes por onde passei. Óbvio que, os títulos ganhos pela equipa da nossa terra têm um sabor especial, mas não é por isso que são mais ou menos importantes, mais ou menos saborosos de festejar.

 

MdB - Que avançado deu mais trabalho?

 VS - Não vou nomear individualmente nenhum, pois tive oportunidade de defrontar vários avançados, quer a nível nacional quer a nível distrital, avançados com muita experiência e que metiam respeito a um miúdo de 18 / 19 anos. Era motivante e desafiador jogar contra este tipo de jogadores.

 

MdB - O que significa para ti ser capitão?

 VS - É uma pergunta difícil. Ser capitão é, antes de mais, uma pessoa consensual e com espírito de liderança. Consensual, entre os colegas de equipa. Pelos vários clubes onde passei, penso que nunca fui um jogador de atritos, nem de criar problemas, não me lembro de faltar ao respeito aos meus colegas. Depois, deve ser alguém em que a equipa técnica se reveja e servir de elo de ligação para o restante plantel, nas ideias e no espírito que temos de passar e transmitir aos colegas, fora ou dentro de campo. Algo que é importante, enquanto capitão é tentar que o grupo esteja sempre unido e remar para o mesmo lado é o primeiro passo para a vitória. Quando se começam a formar grupos dentro do balneário, acho que o capitão deve estar atento e fazer com que isso não aconteça. Outra coisa que é importante, é estar sempre do lado dos jogadores. O capitão de uma equipa é um representante dos atletas e das ideias que o plantel e o clube têm que partilhar. Foi um orgulho ser Capitão pelos clubes onde já passei. Destaco o Mirandês, um clube, uma direção e uns adeptos de fazer inveja a muito clube de Nacional. Foi, sem dúvida, um prazer usar aquela braçadeira durante aquele ano fantástico. Óbvio que, ser capitão pelo clube da nossa terra é, sem dúvida, algo especial, mas isso penso que todos sabem.

 

Foto: Guilherme Moutinho

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