Covid-19: Cuidados Intensivos do distrito receberam três vezes mais doentes, e mais graves, do que na primeira vaga da pandemia
O serviço de Medicina Intensiva da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULS Nordeste), que funciona em Bragança, recebeu, na segunda vaga da pandemia do novo coronavírus, o triplo dos doentes, e num estado mais grave, do que tinha acontecido na primeira fase da doença, até ao verão.
Os dados foram transmitidos ao Mensageiro de Bragança pelo Assistente Hospitalar a exercer funções no Serviço de Medicina Intensiva e diretor do serviço de urgência médico-cirúrgica da ULS Nordeste, Tiago Loza.
"Tivemos 40 doentes em CI na primeira vaga e agora 120", avançou, perfazendo um total de 160 doentes assistidos naquele serviço entre 15 de março de 2020 e 15 de fevereiro de 2021.
"Os doentes da primeira vaga eram doentes diferentes dos que habitualmente temos nos CI, que são normalmente politraumatizados e mais jovens, pois são estes que têm mais atividades. Passámos a receber doentes mais velhos e com mais patologias", explicou.
Ao longo de 11 meses, "houve casos de doentes com 20, 30 anos, mas mais a partir dos 40", sublinhou.
De acordo com Tiago Loza, os doentes entre os 40 e os 80 anos são os que apresentam "doença mais grave" e "os que mais beneficiam dos cuidados intensivos".
Internamento longo e com sequelas
Apesar de ser o último ponto de salvação, muitas vezes, o que é certo é que os cuidados intensivos não são pera doce.
"É um internamento muito longo", frisa o médico, sublinhando que "a ventilação interna é muito penalizadora para o corpo".
"Os músculos deixam de trabalhar e atrofiam, o intestino também. Muitas vezes, os doentes perdem a capacidade de falar, de comer", explicou Tiago Loza, referindo que "há casos de exceção".
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