Mais de 80 por cento das crianças sobrevivem após tratamento oncológico

Em média, “cerca de 80 por cento dos casos de cancro nas crianças são tratados com sucesso”. Ainda assim, “a percentagem não vale nada, porque é para grupos grandes, a criança sabe que tem uma doença complicada, percebe o sofrimento dos pais, muitas vezes até tenta proteger mais os pais do que se proteger a si, mas é um processo muito longo e doloroso para as crianças e para as suas famílias”, reconhece a diretora do serviço de pediatria do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto.

Declarações de Ana Maia Ferreira, na passada quarta-feira, em Mirandela, no Dia Internacional da Criança com Cancro assinalado pelo Lions Clube de Mirandela com uma série de iniciativas em parceria com o Município.

Gabriela Lemos, a jovem mirandelense que se destacou na edição de 2022 do “Ídolos”, concurso de talentos da SIC, emprestou a sua voz à canção “Acreditar”, o hino do combate ao cancro pediátrico, com a participação de dezenas de alunos do agrupamento de escolas de Mirandela acompanhados musicalmente por alunos da Esproarte de Mirandela.

Todos unidos numa ação promovida pelo Lions Clube de Mirandela. “Foi uma homenagem que as crianças fizeram porque não têm a possibilidade de ter as mesmas vivências que estas crianças têm no ambiente escolar, em casa, com os amigos, fazer toda a parte da vida social, e nós, através das crianças, fizemos esta homenagem”, refere Maria Helena Chéu, presidente do Lions Clube de Mirandela, que em parceria com o Município inaugurou a exposição “As cores do cancro” que reflete a vivência na doença oncológica das crianças que passaram pelo serviço de Pediatria do IPO que não são mais do que frases-pensamento traduzidas com ilustrações de diferentes artistas plásticos da Cooperativa Árvore. Uma exposição que, curiosamente, “nasceu há cerca de 4 anos, quando um menino de Mirandela coloca uma pergunta de que cor é o cancro”, revela.

A exposição poderá ser visitada até 31 de março no átrio do Centro Cultural. A diretora do serviço de Pediatria do IPO-Porto, considera que a intenção desta exposição vai para além do significado que cada criança atribui à doença, “pretende também sensibilizar a sociedade para o cancro pediátrico”, sublinha Ana Maia Ferreira.
Foi ainda apresentado o livro da autoria de Goreti Marques sobre o Impacto da Doença Oncológica da Criança na Família. “São algumas vivências e situações que estão relatadas, especialmente o impacto nas famílias que têm irmãos saudáveis e que muitas vezes perde-se um bocadinho essa componente porque o alvo da família é a criança que tem uma doença oncológica, é a mãe que muitas vezes deixa de trabalhar, o pai que tem de sustentar a casa da família. No fundo é toda esta problemática que o livro aborda”, conta Maria Helena Chéu.

Também a autarquia se associou à iniciativa que o vereador Vítor Correia entende ser de “extrema importância para a sensibilização de toda a comunidade e tentar desmistificar um pouco do que é este bicho-papão”, adianta.

Esta ação do dia internacional da Criança com cancro, insere-se no quadro das várias missões prioritárias do Movimento Leonístico em que o cancro pediátrico é um dos pilares mais fortes na tentativa de angariar fundos para criar bolsas de investigação para o combate ao cancro pediátrico.