Homenagem aos sacerdotes
Neste tempo de isolamento social, por causa da pandemia, temos falado tanto no “jejum da Eucaristia” por parte dos fiéis, mas também os sacerdotes têm feito um árduo jejum porque tiveram de se separar fisicamente do seu povo! Os bons pastores, a cujos olfatos foi ocultado o “cheiro das ovelhas”, têm inventado mil estratégias para que ao seu rebanho não falte o alimento da palavra, o conforto da fé e a comunhão com o Senhor. Obrigada!
Hoje, dia por excelência dos sacerdotes, acredito que lhes será uma dor muito grande não poderem reunir com os seus Bispos e Presbitério para celebrar conjuntamente a força da sua consagração, imagens de Cristo Sacerdote, Esposo e Cabeça da Igreja! “Porque não vejo coisa alguma corporalmente neste mundo, daquele altíssimo Filho de Deus, senão o seu Santíssimo Corpo e Sangue, que eles recebem e só eles aos outros administram” (S. Francisco de Assis, T10), hoje, dia da Eucaristia e do Sacerdócio a minha homenagem a todos os Sacerdotes e às suas mãos ungidas:
PALMAS DO MILAGRE
Modelam-se no molde
mãos
não resistem
à (e)laboração de um Corpo
que as incorpora
prolongamentos do coração
até ao fim dos (a)braços
rios sanguíneos, gotejam os traços
conchas que coam o mar
resplendem o óleo, riso
escrutínio da semente,
ramos, palmas perfumadas
aradas de nervuras
evolam dedos vegetais
cachos, espigas digitais
a apontar o íntimo da mesa
seguram o Sol
(d)escrevem(-se) a Luz
dedilham a Palavra
harpejam a fonética do Verbo
tacteiam a textura a Cruz
agasalhos da misericórdia
bênção, espelhos do olhar
atmosfera de nuvem
punção do estar
modelam-se no molde
no milagre afundam
circundam a manhã
a irradiar o Hoje.
Ir. Maria José Diegues de Oliveira, sfrjs