A opinião de ...

A coragem de arriscar tudo por um sonho

Quando, em 2023, se iniciaram em Carção as obras de recuperação dum velho barracão para nele instalar um moderno mini mercado, muito a gente pensava que um investimento desta natureza, numa zona com todas as limitações, as dificuldades e as condicionantes próprias duma terra fronteiriça do nordeste transmontano, não tinha qualquer viabilidade económica, era um enorme risco e tinha tudo para acabar mal.
O certo que, em apenas um ano de atividade, a realidade é bem outra. Foram vencidos todos os receios e ultrapassadas positivamente as previsões mais otimistas, acabando por se revelar como um bom investimento, plenamente ajustado à realidade socioeconómica da terra em que foi implantado e das pessoas que o procuram.
Contudo, porque nada aparece por acaso e a sorte dá muito trabalho, também o sucesso duma aventura como esta não cai do céu numa manhã de nevoeiro, a qual, e perdoem-me a inconfidência, só foi possível pelo trabalho, pela dedicação e carinho da dupla imparável de mulheres que a sonhou e realizou, dupla esta que tem rosto e tem nome:
- A Anabela Garrido, alma mater do projeto que, em boa hora, trocou a estabilidade e o conforto duma já longa carreira de sucesso em áreas tão dispares como a hotelaria e o turismo em terras de africanas, o comércio e e recuperação de peças de arte sacra, um pouco por todo o país, ao qual se dedicou, com um admirável espírito de missão e de bem servir os clientes;
- A Sara Veiga que, depois da licenciatura na área do ensino, para integrar este projeto, sem exitar, interrompeu o mestrado e, desde a primeira hora, se envolveu de alma e coração na aventura de entrar no mundo do trabalho no atendimento a um público muito específico da região interior do nordeste transmontano, maioritariamente constituído por pessoas idosas.
Quando, demagogicamente, tanto se fala da desertificação e da falta de oportunidades nas terras do interior, era importante que os principais responsáveis por essa catástrofe humana e ambiental, em vez de passarem a maior parte do seu tempo no alto dos seus pedestais a pavonear-se e debitar banalidades sem qualquer interesse em tudo quanto é comunicação socia pública ou privada, tivessem a humildade e a inteligência de descer ao terreno para aprenderem e depois agirem em conformidade com a lição das “Anabelas” e das “Saras” deste que, para não engrossarem a turba multa dos parasitas e vampiros, mais perigosos que o virus do Covid 19, que, como nunca, a todos os níveis e em todas as áreas, vivem e prosperam à custa do suor e dos impostos de quem trabalha honestamente, não desistem de acreditar no valor do seu trabalho e no futuro do seu país.

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3990

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