A opinião de ...

Chame a polícia

No dia 25 de Novembro, comemorou-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, cujo objetivo é sensibilizar a sociedade para a violência praticada contra as mulheres e raparigas, seja ela física, psicológica, sexual, social ou outra e assim contribuir ativamente para a sua diminuição sustentada nas comunidades, nos grupos sociais, nas famílias, no trabalho, etc. A informação divulgada por várias instituições a este propósito não animadora. Em contexto de violência doméstica, este ano, até dia 15 de Novembro, 20 mulheres foram assassinadas. A maioria dos crimes ocorreu em contexto de intimidade. Em 6 casos as mulheres já tinham formalizado queixa junto das instituições formais de controlo social. A PJ informa ter recebido 344 denúncias de crimes de violação de mulheres até ao fim de Setembro. Este número corresponde a cerca de 65% de todas as violações.
Na sequência do incidente policial que levou à morte do cidadão Odair Moniz, atingido a tiro por disparos da pistola de um agente da PSP em serviço, na madrugada do dia 21 de Outubro, na Amadora e dos tumultos e desordens que se seguiram, em jeito de revolta e protesto, vários comentadores políticos e sociais, outros fazedores de opinião (há quem lhe chame “comentadores de pantufas”) e até responsáveis políticos tiveram a sua grande oportunidade de criticar a polícia, não só pela sua atuação nesta restrita ocorrência (houve quem lhe chamasse um assassinato e mesmo uma execução policial), mas na sua generalidade, apelidando-a de racista e xenófoba. Quiseram descredibilizar a PSP. Felizmente nem todos. Uns poucos foram capazes de encontrar argumentos para defender a polícia e garantir que as pessoas podiam e deviam continuar a confiar nos seus profissionais. Aquela situação era excecional. Dizem que os polícias necessitam de mais e melhor formação, inicial e contínua, em direitos humanos e das minorias e em técnicas e procedimentos operacionais para evitar o uso excessivo da força e o abuso de poder e assim ter maior respeito pelos direitos, liberdades e garantias das pessoas. Também é referida a necessidade de aumentar o investimento no policiamento de proximidade, para que os agentes possam construir relações de confiança com as comunidades que servem.
Só erra quem trabalha. Quem não faz nada não erra. Algumas vezes me disseram que o melhor serviço do polícia era aquele que ficava por fazer. É evidente que não concordo mas compreendo a afirmação. Importante mesmo é aprender com os erros e tentar melhorar continuamente. A Polícia é uma instituição aprendente. A ação e o esforço são fundamentais para o progresso. Há falhas no caminho, porque errar é humano. E o comportamento humano é complexo. A chave do sucesso está em saber reagir aos erros e fazer o melhor possível para os corrigir e evitar repeti-los.
Face aos números da violência, às desordens noturnas na zona de Lisboa e à opinião dos tais comentadores parece que a Polícia falha sempre. Mas não é assim. No relatório da OCDE de 2022 que apresenta uma análise aos resultados sobre a monitorização da confiança das pessoas em diferentes níveis de governo e instituições, relativamente a Portugal, a Polícia “surge como a instituição mais confiável”, com 6,7 pontos numa escala de 10, muito à frente das restantes. Os portugueses confiam e acreditam na sua Polícia.

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4015

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