Sandra Ventura fotografa idosos para dizer “que um dia vão acabar” por isso é preciso aproveitar para estar com eles

Olhar a velhice com outros olhos é a proposta do trabalho fotográfico de Sandra Ventura na exposição Novas Sociedades Longevas, patente ao público no edifício do Auditório Paulo Quintela/Centro de Fotografia Georges Dussaud, em Bragança, até 6 de janeiro.
Através de 23 fotografias, Sandra Ventura quase que conta a história de várias pessoas mais velhas, apenas numa imagem. “Comecei a deslocar-me de Norte a Sul do país, uma série de quilómetros, para fotografar pessoas que por norma estão institucionalizadas, contudo já fiz algumas fotos a pessoas em apoio ao domicílio ou que estão mais isoladas. Será o mote daqui para a frente. Queremos abranger as pessoas que estão sozinhas, a viver sozinhas ou sem muitas pessoas à volta delas”, explicou a fotógrafa ao Mensageiro.
Sandra Ventura sublinha que gosta dos velhos e diz que estas pessoas “um dia vão acabar”, como tal “é preciso aproveitar agora, fiquem com eles mais tempo tirem o casaco, falem e oiçam”, acrescentou.
“Fui educada nesse meio. Todos os nossos velhos eram tratados em casa e bem cuidados, sempre, tanto do lado do meu pai, como da minha mãe. Fui criada pelos meus tios, que têm, agora, 88 e 89 anos. Estou habituada a lidar com a velhice de uma forma muito bonita e cheia de amor. É ali que me encaixo”, acrescentou.
Pontualmente, há uma ou outra fotografia com crianças na exposição “para aproximar novos e velhos”, revela.
Com a exposição Sandra Ventura quer atrair as famílias e as crianças e convidá-las “a ficarem mais um bocadinho” com os velhos.