Nordeste Transmontano

Autarquia apela à conservação das tradicionais capas de honra

Publicado por Francisco Pinto em Qui, 2024-03-14 14:34

A presidente da Câmara de Miranda do Douro apelou hoje para a conservação das tradicionais capas de honra independentemente do estado em que se encontrem, porque são um elemento identitário e cultural deste território raiano do Planalto Mirandês.

“As pessoas têm que valorizar esta peça de vestuário e tirá-las das arcas e armários. Em caso de estarem muito desgastadas, devem ser preservadas para serem inventariadas, porque há muitas capas de honra que são muito antigas e têm grande valor histórico e cultural, explicou Helena Barril.

O município de Miranda do Douro está há cerca de dois anos a proceder à inventariação do número de Capas de Honra existentes no concelho para se perceber as diferentes formas de confeção desta peça do vestuário.

“É muito difícil avançar com um número exato, mas calcula-se que haja cerca de um milhar de capas de honras na Terra de Miranda e no país”, acrescentou a autarca social-democrata.

O apelo foi feito numa altura em que se prepara mais uma cerimónia de exaltação da Capa de Honra Mirandesa, agendada para 24 de março, e que vai reunir algumas dezenas destes exemplares do traje típico português.

Helena Barril deixou ainda o apelo aos proprietários de capas para que as deem a conhecer através do desfile que vai percorrer as ruas da cidade de Miranda do Douro, no dia 24 de março.

A autarca referiu também que “ainda há muitas Capas de Honra na posse das pessoas, principalmente nas aldeias, e que através de conversas do dia-a-dia se vai apercebendo desta realidade”.

“Temos de incentivar as pessoas a mostrar as suas capas, porque se trata de uma herança cultural de grande valor patrimonial e sentimental”, vincou.

As inscrições para as cerimónias de “Angradecimiento de la Capa d´Honras Mirandesa”, devem ser entregues até ao dia 21 de março no Balcão Único do município de Miranda do Douro. No âmbito das medidas de salvaguarda, cada inscrição terá de preencher uma ficha de inventariação e catalogação, relativa à sua Capa de Honras.
Este evento pretende valorizar a capa de honras assim como registar o número de capas existentes e a sua antiguidade.

De um agasalho de guardadores de gado até uma peça de vestuário que “está na moda”, a tradicional Capa de Honras Mirandesa está a conquistar espaço num panorama do vestuário tradicional português, onde se confecionam chapéus, capas, carteiras e outras indumentárias que são usadas um pouco por todo o país e Europa, tanto por homens como por mulheres. A Capa de Honras Mirandesa, feita de pardo ou burel (lã de ovelha), é já utilizada pelos noivos no dia de casamento.

De acordo com o historiador António Rodrigues Mourinho, a origem da capa de honras mirandesa remonta aos séculos IX ou X, portanto medieval, tendo origem na “capa de chiba” que, traduzido do espanhol para português, quer dizer “capa de cabra”.

Segundo o historiador, apesar de se pensar que esta peça ‘sui generis’ ser de origem medieval, só há dois documentos conhecidos até agora que referem este tipo de capa e são datados de 1819 e 1828.

O número de capas de honras mirandesa “é indeterminado”. No entanto, ao longo dos tempos “muitos exemplares foram feitos” e transitaram de geração em geração, assumindo-se como um valor familiar de relevante importância. É usual oferecer uma capa de honras às pessoas distintas que visitam o município de Miranda do Douro.

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